Loleepop Entrevista: Luiza Possi
Foto: Marlon Brambilla
Com mais de 10 anos de carreira e muita bagagem, pais artistas, músicas em trilha sonora de novelas e acostumada a viver sempre sob os holofotes, a cantora Luiza Possi resolveu mais uma vez se reinventar. Esta reconstrução se deu este ano, com o lançamento do disco "LP", um reencontro da artista com a música pop, algo que tinha sido abandonado por ela há um bom tempo, já que seus discos anteriores tem uma forte influência da MPB. Para se reconectar ao estilo, Luiza se uniu ao DJ curitibano, Rodrigo Gorky, do Bonde do Rolê.
Quanto tempo durou e como foi o processo de criação do LP? Como aconteceram as parcerias e seleção dos colaboradores?
- Eu queria um disco pop, original. Não queria mais lançar músicas “de trabalho”, queria cantar músicas que eu gosto de ouvir. A música que eu produzia estava muito distante do que eu ouvia, do que eu gostava. E o LP foi feito para unir esses dois universos. O Gorky foi fundamental para essa nova meta. O disco foi totalmente gravado na sala da minha casa, experimentando, ouvindo, trocando ideias. Nada de estúdio e grandes produções. As parcerias foram chegando naturalmente, até mesmo com parceiros virtuais, que nem cheguei a conhecer. O processo de gravação foi totalmente digital.
"LP" está muito mais pop e radiofônico do que seus últimos trabalhos. Quando você sentiu a necessidade desse seu reencontro com o Pop?
- Exatamente quando eu percebi que o que eu cantava não era o que eu gostava de ouvir. As pessoas diziam que eu estava cantando coisas tristes demais e essa não é minha personalidade.
Foto: Marlon Brambilla
"LP" foi lançado em março, com 10 faixas, e diversas influências, principalmente coisas que Luiza ouve, o que inclui muito pop. Entre as músicas, que apesar de serem baladas, tem uma pegada eletrônica bem forte, está um cover de "Como Eu Quero", clássico da banda Kid Abelha, e também uma versão de "Insight", do cantor paraense Jaloo, canção esta que se tornou o primeiro single do disco, e ganhou um clipe lindo e cheio de representatividade, ao abordar a questão transgênero, o que rendeu um buzz bem grande para o single.
Como surgiu a ideia de regravar "Insight", como foi gravar o vídeo ?
- Eu não considero uma regravação porque ela não estourou. Então, sinto que ela é totalmente nova. O clipe foi incrível, do jeito que eu imaginava. Queríamos algo provocativo, divertido, mas a ideia não era chocar, era abrir a cabeça das pessoas para outro universo.
Após a divulgação muito bem sucedida deste single, e o up que ele voltou a dar em sua carreira, no sentido de atingir o grande público (mainstream). Quais são os próximos passos do LP? Ainda prevalece a ideia de que toda música terá um clipe ou um lyric?
- Ainda prevalece, claro. Mas as coisas vão acontecendo a medida que vamos lançando o single, fazendo shows e ouvindo a reação do público.
E a regravação de "Como Eu Quero", um clássico do Kid Abelha, como surgiu a vontade de regravar este hino dos anos 1980?
- Eu queria regravar uma música de sucesso, mas sem influência de quem viveu o auge da música. Demos algumas opções pro assistente do Gorky, de 19 anos, e ele escolheu essa. Fiquei muito feliz com o resultado
Luiza contou ao Loleepop que a recepção do disco vem sendo muito positiva, inclusive entre classe artística e músicos de vanguarda. A cantora falou também se ainda existe muito preconceito contra o estilo, dentro do nicho da MPB.
-Não enxergo assim. E não pensei nisso na hora de construir o LP. O objetivo era mesmo aproximar o que eu ouço do que eu canto. E ser pop é ser você mesmo.
Sobre o processo de composição, geralmente acontece naturalmente, de diversas maneiras, em qual quer lugar, como nos revelou a cantora.
-Não existe um processo certo, burocrático para compor. Pode ser em casa, na estrada, com os amigos ou algo pensado, programado. Cada música vem de um jeito.
Foto: Marlon Brambilla
No início da carreira você teve músicas em trilhas de novelas e em determinado momento de sua carreira teve as portas fechadas.Como você faz para lidar com esta montanha-russa que é a carreira do artista?
- Altos e baixos acontecem em qualquer carreira. Mas o mais importante é que do momento baixo eu sempre tive ideias e projetos que me transformaram.
Luiza trabalhou com o renomado produtor, Rick Bonadio, responsável por catapultar artistas como Rouge, Mamonas Assassinas, entre outros. Ela também falou pra gente da importância do produtor em sua carreira.
- Rick sempre foi e sempre será importante pra minha carreira.
Por ser filha da cantora Zizi Possi, um ícone da MPB. Houve muita cobrança e pressão por ser filha de quem é?
- Claro. Sempre há. Mas minha mãe é um diva e eu sou a antítese disso. Acredito que hoje todos sabem a diferença entre nós, entre o trabalho que cada uma de nós faz.
Como você analisa o pop nacional atualmente?
- O pop virou um movimento populista. Quanto mais pessoas curtem tal música, ela vira pop. É assim que eu enxergo o pop nacional hoje. E tem uma cena underground de pop hoje muito boa também como Rael, Silva, que mistura o rap com o R&B. Tem de tudo, o Brasil é muito grande.
Foto: Marlon Brambilla
Qual a sua relação com os fãs e em especial o público LGBT? Principalmente depois do clipe de "Insight"?
- Minha relação com os fãs é muito próxima, muito direta. Eu sei quem eles são, converso muito com eles, posto coisas pra eles. Eu não diferencio o público LGBT. Todo mundo que é meu público é meu público.
Como a internet tem auxiliado em sua carreira?
- Não tem como não ajudar. Além dos shows, tenho meu canal LAB LP onde canto, com a minha banda, músicas que raramente estão no show, coisas que eu ouço, que gosto. Além disso, as redes sociais me aproximam do meu público, dos meus fãs.
Conta um pouco pra gente sobre o projeto Lab LP?
- Em 2011, eu resolvi criar um canal extra, no Youtube, que chamava Lado B. Nele tinha somente as músicas extras do DVD "Seguir Cantando". Com o tempo, eu senti a necessidade de produzir o que muitas vezes não cabia no meu trabalho, então aproveitei a internet pra montar um canal descompromissado, onde eu poderia experimentar muitas coisas. A partir daí surgiu o LAB LP, um laboratório mesmo, para que eu mostrasse desde os grandes sucessos de artistas consagrados até músicas menos conhecidas. Tudo faz parte do que eu ouço no dia a dia.
Como você definiria as diferenças da Luiza do disco "Eu Sou Assim" e "LP", e onde pretende chegar?
- São dois álbuns pop, só que um de uma menina e outro de uma mulher que passou por 15 anos e oito discos e hoje faz um pop maduro, nacional, mesmo com influências externas.
Hoje, após tantos anos de carreira, você se considera realizada?
- Faço o que eu gosto, vivo do que eu mais amo fazer, que é cantar. Sempre me senti realizada.
Gostaríamos de agradecer a Perfexx Assessoria, por ter facilitado essa nossa aproximação com a Luiza e fazer com que a ideia da entrevista se tornasse real. Não deixe de curtir a página do Loleepop no facebook para ficar por dentro de todas as novidades do mundo pop e conferir mais entrevistas que estão por vir. Até a próxima!