Loleepop Entrevista - Vanessa Ferr
Bonita, sonhadora, batalhadora, talentosa e empoderada, características que definem bem a cantora capixaba, Vanessa Ferr, intérprete da canção "Exército das Divas", que ficou conhecida em todo o Brasil após sua participação nos programas "A Hora do Faro" da Record " e "Máquina da Fama" do SBT. Vanessa, que é uma das contratadas da KL Produtora - que também produz a cantora Tállia - arrumou um tempinho na sua agenda para contar as novidades da sua carreira ao Loleepop.
Pra começar queremos saber sobre a canção "Exército das Divas", como surgiu essa canção?
Vamos lá, obrigada! Primeiramente amei estar aqui com vocês. A musica "Exercito das Divas"surgiu em um momento de tédio no meu antigo trabalho,eu costumava atender, 80, 90 pessoas diariamente, e nesse dia estava vazio. Era só cobrança e stress cara a cara com o cliente,então pense?(risos). Bom, pedi a Deus pra me ajudar a compor uma musica em que homenageasse a mulherada e foi assim...veio natural o refrão,e o resto da musica fui "desenrolando", levou tipo uns 20 minutos.
Como um bom clipe divônico, o vídeo possui mais de uma versão, certo? Como foi gravar o da KL?
- Sim,na verdade fiz a primeira versão não imaginando ter outras,foram acontecendo. E é maravilhoso ver nosso exército de varias formas! O meu favorito claro e feito pela KL, produtora que faço parte. É lindo e traduz exatamente a vibe da música.
E Como você foi parar na KL Produtora?
- Uma colega me falou que estava rolando o concurso "A procura do 5 elemento",da KL. Ela era MC. Eu no primeiro momento disse que não iria, por conta da doença do meu pai,a situação não estava fácil para viagens etc. Mas ela insistiu, disse que eu tinha de tentar,e foi assim... Ela acabou não participando do reallity, porque tem uma filhinha, mas tem muito talento! Mc Andressa, obrigada.
Foto: Fábio Salles
E o convite para participar da Hora do Faro, como rolou?
- Meu noivo me inscreveu em alguns programas da Record, quando estava em São Paulo. Não esperava mesmo tudo oque rolou, foi o melhor presente de todos, além de uma série de coincidências. Eu morava sozinha em São Paulo, porém meu noivo tirou férias do serviço, e após 4 meses longe um do outro ele foi para São Paulo. Isso foi bom, porque a galera da Record precisava de um cúmplice, para eu não desconfiar. Eu cai igual um patinho (risos). O mais louco era que voltaria para o Espirito Santo na sexta feira, pois tava desistindo de ficar longe do meu pai doente e minha família toda. Eu ia deixar tudo e voltar ,mas o programa foi gravado na quarta-feira , dois dias antes de eu voltar para o Espirito Santo. Viu só, que loucura?!
E como foi conhecer a Ludmilla ao participar do programa?
- Foi massa! me senti a vontade,emocionada e sem entender bem se era tudo real!
Qual o impacto que o programa "A Hora do Faro" trouxe à sua carreira?
- Tudo mudou!Por exemplo, esses dias mesmo fui comprar um hot Dog próximo a minha casa,e acabei tirando foto com umas 12 pessoas. É muito massa o reconhecimento,muitos presentes,parcerias musicais rolando,etc. No meu estado, e principalmente na minha cidade/bairro sou Rainha (Risos)
Quais as suas influências musicais e seu maior ídolo na música?
- Amo música! De verdade, eu amo muito! Escuto toda hora,tô sempre lendo e expandindo o conhecimento. Minhas influências são principalmente cantoras negras, de Soul,Blues e R&B, como Tina Turner,Whitney Houston, Etta James,Laurin Hill, Supremes etc. Mas escuto tudo,de tudo tento tirar o melhor,tanto músicas atuais, quanto as atemporais. Meu maior ídolo é difícil, hum...acho que Bob Marley, pois toda sua ideologia ,musicalidade e representatividade se destacam tanto quanto ao seu maravilhoso som , que deu vida mundial ao Reggae. Meu pai é muito fã de Reggae,Rock n Roll e MPB , minha mãe de Soul, Pop, Black music, e Disco ! Tô bem né ? (risos)
Como foi o início da sua carreira?
- Sempre cantei,desde de muito pequena cantava na igreja, e me ajudou com a extensão das notas. O Gospel e ótimo! Tive duas ou três bandinhas de rock na adolescência, cover de Evanescence, já imaginou eu toda dark? (risos). Também tive 2 trios no estilo Destiny's Child, chamados Divas Black e Lince Negra. Aos 19 anos comecei a compôr e me inscrever em programas de TVno meu estado. Já fui capa de jornais,fiz praticamente todos os jornais locais,sou madrinha LGBT e me apresento a 5 anos nas chamadas "paradas gay". Tô sempre na ativa, e pretendo um dia ter uma instituição, ou algo assim em minha cidade ,para projetos sociais. Já dei aula de dança em um desses projetos, e peguei grande amor por incentivar a galerinha que sonha, mas não sabe como pôr em pratica. Tô a um bom tempo nessa caminhada,aprendendo tudo sozinha nessa estrada louca que é a musica.
Quais as maiores dificuldades que passou ao chegar em SP?
- Maior dificuldade foi ficar longe da minha família, a distância me machucava muito, pois nunca saí de casa,mas era preciso. Superei e ainda tô aqui. (risos). Tive outras também, como o frio, cheguei no inverno mais frio de Sampa em 30 anos. Trabalhava na Zona Norte e morava na oeste, acordava muito cedo ,pegava um trem, metrô, levava quase 2 horas pra chegar. Nossa horrível!Mas melhor que não trabalhar,né? Outro presente de Deus foi isso,conseguir trabalho no primeiro dia que cheguei na rodoviária, lá mesmo tinha uma placa de "Precisa-Se de Vendedora", esperei abrir a loja, conversei, e no outro dia já estava trabalhando.
Voltando a sua carreira, o quê podemos esperar de Vanessa Ferr em 2017?
- Assinei um contrato com a KL Produtora,vem musica nova aí!Além de muitas parcerias que tenho no meu Estado e uma banda incrível em São Paulo. Nossa 2017 será positivo e produtivo !!
Imagem: Divulgação/Facebook
Acompanhando as redes sociais, vimos que você, Nina Capelly e Tállia tem um projeto em parceria na KL, chamado Butterflies. Pode adiantar algo sobre esse trio pra gente?Vocês vão abandonar a carreira solo?
- Estamos em processo de desenvolvimento de um projeto bacana. E não, jamais abandonaria minha carreira solo! Mas novas experiências são sempre bem vindas. Pretendo fotografar e fazer muitas coisas ainda. A vida é uma só e temos que expandir o nosso conhecimento, concorda? (Risos) Qual a sua relação com as outros artistas da KL?Quais são os mais próximos? - Me dou bem com todos da KL, mesmo sendo a mais velha e não tendo muitas afinidades,tipo de sair pra baladas,mas respeito todos, é uma grande família, mesmo ! (risos) Somos próximos,o Emerson Martins faz questão dessa troca de informação entre seus artistas,para ter um ambiente mais agradável para trabalhar. Creio que a mais próxima é a Tállia, como eu deixou muito para trás. Tenho uma relação massa com a Plebeia, o Tiki, Marks, Tunaga, Dj Caue, além da galera da produção, o Matheus,Thi, eu amo todos, mesmo que eles nem saibam disso (risos).
Tállia, Nina Capelly e Vanessa Ferr (Foto: Divulgação/Facebook)
Como você analisa o cenário pop atualmente? - Eu amo pop, e creio que a cena esta incrível, tanto nacional quanto internacional. Muita gente nova,a galera das antigas voltando...no Brasil vejo muito a melhorar,principalmente mais meninas, de variados tipos e estilos. Essa pergunta é meio clichê, mas sabemos que ainda é presente. Como é ser mulher e negra no Brasil e na música? Você sofreu, ou ainda sofre, muito preconceito? - Graças a Deus muitas meninas, negras ou não, se identificam com minha aparência. Muitas falam, "nossa ela tem cachinhos iguais os meus" ou "nossa quero meu cabelo assim",e o legal é essa mistura né? Itália/africa (risos). Acho que rola um lance de identificação na história ou forma de agir, sou livre! Converso com todos,ando em todos os lugares, mas já percebi olhares. Principalmente quando me assumi totalmente black, cabelo e tals. Na época não era essa febre toda, o cabelo crespo,cacheado etc.Mas não foi difícil. É ótimo chegar pra gravar um clipe ou ir em uma seleção musical, por exemplo, e ser a única! (risos) Mas isso não é cor ou classe social ,a gente que permite. Não me abalo com pouco,tenho muito pra me preocupar,trabalhar e brilhar !!
Imagem: Divulgação/Facebook
E o funk em si, ainda é muito descriminado? - Creio que sim, mas não olho pra isso, prefiro ver o lado que hoje é reconhecido comoa voz da favela. Rico, pobre, preto ou branco escuta. Ee quando toca o tamborzão ninguém consegue ficar parado (risos). Aqui mesmo meu Estado decretou em julho o dia do funk! Acho que o problema não é o funk em si, mas toda a realidade mostrada através dele. Alguns falam da realidade, e mostram como é ser negro na favela e muitos se chocam,mas na moral, o funk dominou (risos) Você acredita que atualmente a mulher e os negros tem sido bem representados no cenário musical brasileiro como um todo?
- Acho que as mulheres estão começando,mas ainda tem uma grande estrada. Os artistas negros, no geral, acho que não. Tirando a velha escola, Gilberto Gil, Sandra de Sá, Tim Maia, não tenho visto muitos negros na arte no Brasil. Vejo pouquíssimos,duas ou três atrizes, 1 cantora,um ou outro modelo...não vejo apresentadores,etc. Não vejo o negro na TV, a não ser sua minoria que acreditam que fica "exótica", sendo que o negro no Brasil é maioria ,devia ser normal ter varias minas de black e tals. Homens ainda tem bastante, no underground, nos grupos de pagode,e MCS,que se torna até um clichê ser negro. É um padrão daquele estilo de som. Agora mulher é tudo mais difícil né?
O quê você está ouvindo atualmente?
- Minha pergunta favorita (risos). Eu gosto de falar de música, acho que mais sobre o meu gosto pessoaldo que como trampo! Eu escuto de tuuuudo! Sério mesmo, sou uma enciclopédia musical (risos). Faz o teste, me deixe em frente a uma radio que toque músicas aleatórias, diferentes estilos e épocas, que irei cantarolar,saber quem canta ou até a historia pessoal do artista. Venho de uma época que pra você saber sobre algum som tinha que comprar revista, como a Metal Massacre, e assistir Mtv. Isso me fez amar conhecer o quê escuto. Ultimamente tenho escutado mais a old school do rap internacional, tipo Notorious Big, além do novato e irado Young Thug. Escuto todos os dias Bob Marley e Pink Floyd, eu amo! Das girls eu tenho escutado Tinashe e outra que indico muito é a Laurin Hill ,que amo! E uma novata que sou apaixonada há uns 3 anos, Selah Sue.
Agora conta pra gente quais os CDS mais aguardados por você em 2017? - Esse ano tô muito focada no meu trabalho,mas quero ver os novos projetos da minha Diva Beyoncé , ealgumas bandas que curto também que irão lançar trabalhos novos, como o System of a Down e o tão esperado albúm fantasma do Guns n Roses que, creio que esse ano vai! (risos) Como tem sido sua rotina de trabalho e preparação? - Estou no Espírito Santo, finalizando alguns projetos que tenho trabalhado. Tenho cuidado da alimentação e voz, feito Yoga, para controlar a ansiedade, além de vários outros benefícios. Sou professora de dança e é algo que amo,então tenho focado em diferentes estilos. Hoje só no Hip Hop existe mais de 10 formas de dança. Tenho cuidado da minha família e me preparando psicologicamente para ficar longe novamente,vocês sabem, meu pai está com câncer em uma fase adiantada, e isso me dói. Estou compondo,estudando e ao voltar pra sampa, toda a rotina voltará com a banda,no inglês,academia,etc. Tudo para ficar pronta para meus Ferrizetes, como se intitulam alguns dos meus fãs >< Em qual das vertentes do funk você acredita que se enquadra? - Sou meio louquinha, acho que não me encaixo muito em estilo nenhum (risos). Brincadeira! Dentro do funk usamos o termo Melody, para mostrar que há melodia, e que tem um livre acesso em diferentes estilos como o pop ou até funk pop, pra ficar ainda mais claro !!
O quê é ser pop pra você? - Ser pop é ser Madonna, querido! Camaleoa, saiu de casa sozinha, foi para uma cidade grande,passou varias tretas,conversava com todos, louca? A Amapô é livre ,ela se fez e me identifico. No Brasil que tem essa, de quê se você canta funk,é MC, se você canta forró, é forrozeiro,tem que te rotular! E se você se tiver 30 anos de carreira, tem que cantar 30 anos a mesma música, e ter até o mesmo estilo de se vestir. No mundo ela (Madonna), é a prova de que ecletismo e "mutação" é ótimo para qualquer artista. Mudar,inovar,ter estilo,atitude e principalmente caráter, força e amar o quê faz! Pra finalizar, já que você tem um exército de divas, na sua opinião, o quê é preciso pra ser uma Diva? - Pra muitas nascer de novo ! (risos) Brincadeira! Ser Diva é sorrir e não ter medo de mostrar sensibilidade,é ser meiga e forte, é ser verdadeira, doa a quem doer. Acreditar nos seus princípios e ter a maturidade, não de idade, mas mental, para dizer não para muita sujeira que rola por trás dos bastidores. Ser Diva é ter classe, mas ser roots, é ser você e amar muito! É tentar tratar todos assim, não se importar se te acham metida pelo o quê veste ou como anda, é mostrar que julgar é errado. A Diva faz a diferença,ela é diferente, muitas vezes nem é preciso muito para se notar isso,sé de chegar já rouba a cena (risos). Ah! Que simpatia! Esperamos que vocês tenham gostado tanto quanto nós gostamos de bater um papo com essa espontaneidade em pessoa! E não deixe de curtir a página do Loleepop no facebook para ficar por dentro de todas as novidades do mundo pop. Até a próxima! ^^