Loleepop Entrevista : Bian
Foto: Larissa Dare
Com influências de filmes musicais, Bianca começou no mundo da música muito cedo. Aos 10 anos a carioca já estava iniciando os estudos de violão, e dois anos mais tarde aprendia também bateria. A carreira alavancou rápido, ainda assinando como Bianca, emplacou duas músicas em novelas globais. A artista se reinventou e agora aposta num trabalho indie, pop, eletrônico e minimalista e atendendo pelo nome Bian. Em meio à sua tumultuada agenda e a gravação de seu novo disco, a cantora arranjou um tempinho e bateu um papo com o Loleepop, falando sobre sua carreira, influências, o processo de criação de seu novo trabalho e muito mais. Confira o bate-papo a seguir:
Conta um pouco mais sobre sua iniciação musical
Comecei a tocar com meu pai ao piano, aos 4 anos, e a cantar aos 5. Assistia muitos musicais quando criancinha: Grease, Novica Rebelde, Duets. Eu era louca por esses filmes. Até que, aos 10 anos, iniciei os estudos de música no Centro Musical Antonio Adolfo, aonde estudei guitarra/violão, bateria, canto e fiz parte de uma drumline, tocando caixa.
Como era esta tua relação com a MTV, com os videoclipes,e quais eram os seus maiores ídolos na época?
Eu amava Nirvana. Lembro de assistir o clipe de "Bull In a Heather", do Sonic Youth, e ficar hipnotizada com aquilo. Ouvi a discografia inteira do Blink 182. Era minha banda favorita na época. Eles me fizeram querer tocar guitarra e, principalmente, bateria. Travis Barker (baterista do Blink 182) era minha inspiração. Hoje em dia, ouço músicas de gêneros muito diferentes, mas não posso negar o quanto o Blink foi importante pra mim.
Você ainda se lembra, chegou a gravar esta tua primeira composição aos 14 anos?
Sim, me lembro, claro.A primeira mesmo eu não gravei. Era sobre amizade e bullying.
Sua família sempre te apoiou quando decidiu se dedicar realmente a música?
Minha família sempre me incentivou mas, por muitos anos, eles tentaram me convencer de que música era hobby e não podia ser meu foco, até que no terceiro período de psicologia, eu não aguentei mais tentar levar as duas coisas ao mesmo tempo, tomei coragem e tranquei. Passei na Berklee (tradicional faculdade de música de Boston) mas, como não queria morar fora, agora, optei pela Berklee online, que é a extensão da faculdade de Boston.
Como aconteceu de suas músicas irem parar em produções da Globo?
Lançamos "Chained", meu primeiro single, e "What If", meu segundo single, digitalmente e no youtube. De alguma forma, diretores ouviram e gostaram. Fiquei muito feliz, pois era meu primeiro trabalho e receber convites como esses com menos de 21 anos, é indescritível.
O processo de composição acontece de que maneira pra você?
Às vezes, quando estou passando por algo muito forte, as ideias brotam e eu, normalmente, gravo a ideia inicial no meu celular mesmo e escrevo alguns versos soltos. As vezes, compor é um exercício e não pura inspiração. É senta, experimentar com acordes, com riffs e criar melodias em cima de harmonias.
Qual a mensagem que você procura passar com o teu som?
Quero passar as minhas experiências, o meu mundo interno da maneira mais verdadeira e profunda possível. A música é muito documental para mim.
No início Bianca, agora Bian. Como foi o processo e o que te levou a esta mudança de nome, visual e estilo de som?
Foi um processo de amadurecimento natural. Eu comecei a estudar mais música e produção musical e agora estou envolvida desde a composição até a mixagem. Isso é importante pra chegar na estética que eu quero. Além disso, estou ouvindo outros artistas que me influenciaram a querer experimentar outras coisas. Passei do folk para misturar música eletrônica indie pop e instrumentos acústicos e exóticos como a kalimba (instrumento africano) e a marimba de vidro (instrumento de um artesão nordestino que afina pedaços de vidro e criar um tipo de xilofone de vidro).
Como está sendo a recepção do seu trabalho após o lyric de "Hands"? Podemos esperar um clipe?
Está sendo incrível. Estou muito feliz. O mais legal é receber mensagens de pessoas que acompanham seu trabalho. O clipe sai no segundo semestre desse ano, mas ainda não decidimos de qual single será.
Conta pra gente como está o processo de produção do seu álbum e o que a gente pode esperar dele
A produção do álbum é assinada pelo Guto Guerra (Música na Mochila), Pedro Guedes e por mim. É muito lindo poder produzir seu próprio trabalho, gravar instrumentos e arquitetar cada detalhe junto a músicos incríveis. Guto Guerra foi apresentador do programa Música na Mochila, do Canal Bis, e, graças às suas viagens e ao programa fantástico, temos um arsenal de instrumentos exóticos interessantíssimos. Ele provavelmente é um dos produtores musicais com uma das maiores variedades de instrumentos no mundo. Estou experimentando instrumentos exóticos acústicos junto com sintetizadores e a música eletrônica. Acho que juntar o sintetizado com o orgânico é o que tem mais me interessado ultimamente. Gosto da estética minimalista pop também.
Qual seus maiores ídolos e influências na música?
The XX, Lykke Li, Alt-J, SBTRKT e o trabalho solo do Jamie XX.
Deseja fazer parceria com algum ídolo brazuca?
Claro. Acho o Criolo um cara brilhante. Adoraria fazer algo com ele.
O quê é ser pop pra você? O quê você acha deste estilo?
A música pop é muito abrangente. Vai de Lady Gaga a Bob Marley. Qualquer música que seja muito acessível para a compreensão do ouvinte e que não fuja tanto do modelo 4/4, verso/refrão/verso/refrão e repetições. É claro que existem exceções, por isso, acho que qualquer música que tenha uma mensagem clara e que seja bem compreendida pelo público popular é musica pop.
Recentemente muita gente tem criticado artistas pop, por contratar compositores para trabalharem na criação de letras de canções para seus álbuns, o caso de Beyoncé, Katy Perry entre outras. O quê você acha disso?
Acho que isso não é demérito nenhum pra artistas. Beyoncé não deixa de ser uma intérprete maravilhosa e fazer o trabalho dela com honra por isso. Depende de cada artista e da experiência que ele propõe pro seu público. Eu, por exemplo, proponho falar de coisas muito, muito íntimas, então, faz sentido, na minha arte, que eu esteja sempre compondo ou compondo com outros músicos. Gosto de fazer covers mas, atualmente, não consigo me imaginar sem compor minhas músicas de trabalho.
Foto: Larissa Dare
Ainda falando sobre pop,tem algum artista do gênero que você goste muito?
Eu ouço muitos gêneros além das minhas principais influências. Ouço funk, hip-hop, pop. Acho a Lady Gaga talentosíssima. Toca piano, escreve, dança, atua, interpreta. Ela vai além. Beyoncé e Rihanna também. Adoro o trabalho do Skrillex e do Diplo como Jack U. A mixagem e produção musical me inspirou como artista.
O quê você acha das plataformas digitais de streaming? Ajuda ou atrapalha?
Ajuda. Eu quero mesmo que as pessoas ouçam minhas músicas e, quanto mais acessível, melhor.
Como você analisa o cenário musical brasileiro atualmente?
Vejo que o sertanejo renasceu através do sertanejo universitário e arriscaria dizer que é o estilo musical mais popular no Brasil hoje em dia. Fico feliz vendo que o funk, uma expressão cultural das favelas brasileiras, tão marginalizada, começa a sair do "underground" e se torna pop. Não sou funkeira nem morei no morro para falar por eles, mas acho que existe um certo medo da essência do funk se perder nesse processo, mas acho que em geral isso é muito bom, principalmente vendo MC Carol e Valesca Popozuda falando sobre feminismo, empoderamento da mulher e da mulher negra e pobre. MC Carol tem falado até mesmo de gordofobia. Sou fã das duas.
Pretende sair em turnê após o lançamento do álbum?
Sim, a agenda de shows começa no segundo semestre desse ano.
Quais os planos para 2016?
Lançaremos singles ao longo do ano, acompanhados de lyric videos, até o final do ano, quando o álbum será lançado. Vamos produzir pelo menos um clipe esse ano ainda, e a partir do segundo semestre, começaremos os shows.
Qual a dica que você dá pra quem está começando nesta carreira agora?
Viva a música todo dia, toda hora. Entre em contato com você mesmo. Esteja envolvido durante os diferentes processos de produção da música, mesmo que você não seja produtor. Isso faz diferença. O resto vai transbordar e acontecer durante o processo.
Fica a dica então, pessoal. Espero que tenham curtido a entrevista. E não deixe de acompanhar a fanpage do Loleepop no facebook que sempre traz novidades sobre o pop nacional e internacional, além de dicas de filmes, séries e shows.